quinta-feira, 29 de abril de 2010

Castelo de areia molhada

Como gosto de você, minha querida. Seu cabelo escuro tinindo tão claro sob o sol e também sob ele o cheiro de praia que a pele exala. A praia que tem o cheiro da sua pele e eu, que rolo pela areia como um grão sorridente e debilóide que o vento leva e o mar traz. Para onde nós vamos depois daqui? Como nós vamos? Pés pela calçada, pneus pela estrada, ondas pelo oceano, mãos dadas pelo pensamento? Para onde vamos depois daqui?

Me dê suas mãos, que lhe dou meu coração. Me dê um tempo, que lhe dou a eternidade. É tudo chantagem apaixonada, mas ainda tenho aquele beijo que você me deu e nunca devolvi. Vem, vou te levar pra passear nas ruínas do meu castelo de areia. Deixo você brincar com os cardumes adestrados e escolher o búzio que achar mais bonito para levar para... para onde vamos mesmo depois daqui? Na verdade, não me importo, desde que sejam quatro as pegadas pela areia.

Se chover e o sol não mais queimar seu cheiro ou tingir seu cabelo, sei que esse charme todo, doce que é, vai derreter. Você vai mudar, que eu sei. Como gosto de você, minha querida, mas pode mudar. As pessoas mudam vida afora e se você não mudasse, não seria uma pessoa, não seria essa pessoa. Mude se quiser, mude na incansável busca de se parecer consigo mesma. Sinta-se à vontade. O importante é sentir-se. Eu também mudaria tudo por você, menos a mim. Para onde vamos depois? Seremos os mesmos lá ou seremos outros aqui? Para onde vamos depois daqui?





2 comentários:

@lorenanunes. disse...

Onda vai, onda vem...

O que somos, pra onde vamos, o que seríamos se não fôssemos tão sendo... Lá, aqui, agora, depois...

Onda vai, onda vem...

A cada por que escorrega um segundo que lembra que no fundo todos somos grãos de areia debilóides que o tempo ventania carrega pra onde não se há de saber.

Onda vai, onda vem...

Certeza... Certeza boba. Pra que? Não é de hoje que mudamos sempre e constantemente. Já deveríamos saber que não tarda até a próxima onda que vem...

Onda vai, onda vem...


Há que se viver antes de saber, e sabe-se lá o que. Para onde vamos depois daqui? Não sei, vamos? "Eu não me importo, desde que sejam quatro as pegadas na areia."

Onda vai, onda vem...


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Finalmente um texto que tem uma construção não tão desconstruída e não me deixou com agonia. Mas ainda assim ficou aquele sentimento do filme que você assiste e depois fica pensando sobre. E eu fui longe. "Onda vai, onda vem..."

E se acostume, muito provavelmente eu vou responder seus textos com outro texto.

Linda de Arto disse...

Oi Caio!
Passei por aqui para te dizer que postamos mais fotos do nosso sarau e seu blog tamém encontra-se por lá!! Um abraço forte, pois escrever é mais importante que morrer.