Quem somos nós, comparsas, uns tantos de nós com tantos em cada um? Nós, que saímos pela madrugada violando olhos, ouvidos, almas e corações mal trancados para guardar nossas essências. Não queremos saquear nada além das chaves. Comparsas que de quarta a quarta pisam juntos sobre as pedras do caminho em plácidos encontros. Ouvimos as eternas novidades da bossa e dos baianos, mas ainda não ficamos doces nem bárbaros. Somos sal, o mesmo das lágrimas de felicidade, de tristeza e de crocodilo. O mesmo sal que lambe nossas pegadas e sorrisos de crocodilo quando saudoso nos vê chegar na praia suja, cagada e bonita. E ficamos cagados também. Porra, a gente é cagado pra caralho.
Cagado por colecionar sonhos que acordam o íntimo, por lamber as estrelas do céu e guardar o sabor no peito, por largar o nada em busca de tudo. Nós, comparsas, estamos bem. Construímos uma varanda para contemplar o mundo e entendi tudo errado. Me atirei e, de tão alta a tal varanda, caio até hoje. Quem veio junto, antes ou depois de mim não sabe quando a queda vai terminar, só compartilha da mesma vontade de voar em direção ao chão como se estivesse cavando o céu. Os que não vieram ouvem ainda nosso canto entortar as carnes do abismo.
Cidadãos instigados por ideais comuns beberam das águas de março e esperaram dezenove dias até o incomum lhes inundar as almas, bentos no sossego inquieto de quem se sabe artista e sabe o mundo mundo. Vastos. Somos o vômito cru de uma nação de zumbis antropofágicos. Passarinhos que passarão, decerto, mas que não cantam sós. Seguem voando, lunáticos e sem asas, a não ser as da imaginação.
Cagado por colecionar sonhos que acordam o íntimo, por lamber as estrelas do céu e guardar o sabor no peito, por largar o nada em busca de tudo. Nós, comparsas, estamos bem. Construímos uma varanda para contemplar o mundo e entendi tudo errado. Me atirei e, de tão alta a tal varanda, caio até hoje. Quem veio junto, antes ou depois de mim não sabe quando a queda vai terminar, só compartilha da mesma vontade de voar em direção ao chão como se estivesse cavando o céu. Os que não vieram ouvem ainda nosso canto entortar as carnes do abismo.
Cidadãos instigados por ideais comuns beberam das águas de março e esperaram dezenove dias até o incomum lhes inundar as almas, bentos no sossego inquieto de quem se sabe artista e sabe o mundo mundo. Vastos. Somos o vômito cru de uma nação de zumbis antropofágicos. Passarinhos que passarão, decerto, mas que não cantam sós. Seguem voando, lunáticos e sem asas, a não ser as da imaginação.