As palavras não existem. São só onomatopeias do que existe de verdade. Fora do papel fino, o vento carrega pólen e move fios de cabelo que doem quando são arrancados, que molham na água, que pinicam os olhos. O resto é só garrancho delinquente de tinta e pixels. Nomes devorando cardápios, conceitos engrossando livros e manchetes empilhando jornais. Mas não me chamem de pessimista. Apenas não me chamem de nada. Mas me chamem mesmo assim. Não direi obrigado, mas ficarei agradecido.
Quero que me leiam como ouço seus aplausos. Se não aprecio uma palma de cada vez, por que desfilo palavras vaidosas, uma após outra corroendo o papel e o ar? Que me leiam como ouço suas vaias. Quisera eu ser tão direto e desafiador quanto a garganta que insulta sem xingar. Uma poesia que dói, molha e pinica sem garranchos ferindo o silêncio, sem onomatopeias do real manchando a página limpa.
E você, que está aí no futuro me lendo agora, não se deixe enganar: saiba que nunca previ que estaria aí. Apenas congelei um blefe para impressionar sua leitura com falsos dotes psíquicos quando este compêndio de inexistências chegasse aos seus sentidos coincidindo masturbações estéticas. Ah, as artimanhas da palavra grafada... Mas sou capaz de trazer a pessoa amada. Sim, sou. Desde que essa pessoa seja uma das quatro que me habitam.
Aqui, elas ensaiam para encenar uma temporada eterna da despeça que escrevi, despeça composta apenas pelo primeiro desato, no qual sempre esquecem as falas:
Um: O que vai acelerar nosso sangue hoje?
Dois: A prece que passa apressada lavando pecados impecáveis e tocando trovas intocáveis!
Três: Hã?
Dois: Nada, é só um sentimento que inventei.
Três: Vim te mostrar uma cor que inventei.
Um: Também sou inventor. Inventei um sentido.
Três: Como é seu sentido?
Um: Como é sua cor?
Dois: Como é seu sentimento?
Um:
Dois:
Três:
Seis: E o fim? O fim é outra dessas palavras que não existem. Não à toa, outra fala que todos esquecemos nas nossas deixas. E deixamos nossos papeis do mesmo modo como os assumimos, nenhuma palavra. Nenhuma.
Quero que me leiam como ouço seus aplausos. Se não aprecio uma palma de cada vez, por que desfilo palavras vaidosas, uma após outra corroendo o papel e o ar? Que me leiam como ouço suas vaias. Quisera eu ser tão direto e desafiador quanto a garganta que insulta sem xingar. Uma poesia que dói, molha e pinica sem garranchos ferindo o silêncio, sem onomatopeias do real manchando a página limpa.
E você, que está aí no futuro me lendo agora, não se deixe enganar: saiba que nunca previ que estaria aí. Apenas congelei um blefe para impressionar sua leitura com falsos dotes psíquicos quando este compêndio de inexistências chegasse aos seus sentidos coincidindo masturbações estéticas. Ah, as artimanhas da palavra grafada... Mas sou capaz de trazer a pessoa amada. Sim, sou. Desde que essa pessoa seja uma das quatro que me habitam.
Aqui, elas ensaiam para encenar uma temporada eterna da despeça que escrevi, despeça composta apenas pelo primeiro desato, no qual sempre esquecem as falas:
Um: O que vai acelerar nosso sangue hoje?
Dois: A prece que passa apressada lavando pecados impecáveis e tocando trovas intocáveis!
Três: Hã?
Dois: Nada, é só um sentimento que inventei.
Três: Vim te mostrar uma cor que inventei.
Um: Também sou inventor. Inventei um sentido.
Três: Como é seu sentido?
Um: Como é sua cor?
Dois: Como é seu sentimento?
Um:
Dois:
Três:
Seis: E o fim? O fim é outra dessas palavras que não existem. Não à toa, outra fala que todos esquecemos nas nossas deixas. E deixamos nossos papeis do mesmo modo como os assumimos, nenhuma palavra. Nenhuma.
Um comentário:
Sem fim, com palavra nenhuma. Fiquei com a sensação de nada ao ler ou desler cada nenhuma, mas um nada inundado de coisas, se é que me entende. Se é que as palavras depois de tanto pensar servem para isso agora.
tudo é um sussurro do real, um eco do verossímil. mas nada sendo, quando for, ainda é.
te li em algum pretérito, te compreendo em outros estados do (des)agora.
'defina sua alma no fogo'
e talvez eu ainda não tenha dito nada...
Postar um comentário