quinta-feira, 26 de maio de 2011

Irremediável

Ela é irremediavelmente linda. Seus cabelos se contorcem em espirais despenteando a brisa e assediando minha imaginação. Uma alegria preguiçosa habitando a correnteza entre nossos lábios, um sussurro devorando disfarces desbotados. Gosto de deixar suas cores pintarem minha sombra. Gosto dela.

Distraída, deixa escapar pensamentos como se fossem bolhas de sabão e se molha sempre que resolve estourar alguma. Elas ganham o ar reluzentes e caóticas, algumas me molham também, outras molham as paredes, o colchão, os livros. Seu pensamento escorre por toda a sala inundando o tempo até ele se afogar e não passar mais. Ela pragueja, eu acho graça.

A beleza que toca meus olhos se esconde nos dela, fragmentos de eternidade inacabada salivando lágrimas e bolhas de sabão. Morávamos juntos no labirinto mais bonito da rua, mas nunca nos encontrávamos. Podia sentir seu perfume me invadir e seu gosto me deixar. Podia ouvir seus passos, que enfim vêm de encontro aos meus agora.

Deixa o tempo agonizar mais um pouco. Nem sei se moro numa dessas bolhas, mas sei que amar também é sentir cócegas no coração.

3 comentários:

açúcar ou samba. disse...

feliz toda (a) manhã.

@lorenanunes. disse...

mas que poniteeeenhoooo!!! coceguinhas no coração. borbeletas na barriga. pés alados. ah, l'amour!...

Adriane Ponte Cisne disse...

Que delicadeza!!
És um artista dominador da música, das palavras e do coração de alguém, pelo que vejo!!
Ah, se alguém escrevesse assim pra mim um dia...
Texto lindo; PARABÉNS!! ^^