Ela me persegue sem trégua. Discreta, escandalosamente discreta, abusa das metáforas e antíteses enquanto sua negra presença arranha a parede branca. E lá está ela, sob a fraca luz do abajur, em sua vã e determinada perseguição. Perseguição? Às vezes me pergunto se ela não estaria especulando o mesmo sobre mim.. mas que direito tenho eu de suspeitar de seu comportamento se cá estou eu, discretamente escandalizado, arranhando o ar e abusando de metáforas e antíteses sob a fraca luz do abajur?
Eu a contemplo curioso durante alguns instantes e percebo que ela faz o mesmo comigo. Retido no meu efêmero mundo technicolor tridimensional, sinto ser eu a réplica morta daquele arranhão de penumbra que me fita pela parede, talvez até rindo-se do fato de que agora sou eu o entretido numa vã e determinada perseguição.
Enfim, réplicas mortas um do outro ou não, desligamos nossos abajures e tudo o que me resta agora é uma enorme sombra de dúvida.
2 comentários:
perturbador... gostei! e dessa vez eu nao vou ser tao previsivel! (vou deixar implicito oq esse cara precisa... :P)
ei, mas gostei mermo desse! na vida, poucas respostas... mas seria muito sem graça sendo o contrario! o homem acabou aprendendo a amar as suas perturbaçoes. nao sei se isso é bom ou nao... eis a vida!
Adoooro esse texto!
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